Para ouvir ao som de Meu Jardim,
de Vander Lee
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O Jardim das Delícias, de Hieronymus Bosch |
O nosso encontro desta semana é de comemoração e de reflexão. E nossa festa poderia ser em um jardim. Há um ano a gente começava essa boa prosa sobre as (in)certezas que sentimos e também as que gostamos de inventar. Bem no ritmo de Cazuza " o nosso amor a gente inventa". A primeira crônica foi um elogio ao Amor e as Incertezas. O nosso cotidiano que, muitas vezes, tem essas duas ideias opostas no mesmo lugar. Amor que é uma forma de crença no que a gente não ver. Amor que é fé. Enquanto as (in)certezas (uma vez que a certeza mora num poço bem fundo) é uma dúvida, um stop antes de continuarmos. Se unem tecendo nosso cotidiano. Clarice Lispector já nos tinha alertado da necessidade de não nos deixar levar pela anestesia diária. É preciso que “todos os dias quando acordo, vou correndo tirar a poeira da palavra amor.” Um ano passa pela rápido demais, meu Deus! Neste poema de Mário Quintana, declamado por Antônio Abujamra, o poeta alerta da passagem do tempo:
Isso mesmo, Quintana, é necessário que a gente tenha atenção ao tempo. Pois, quando a gente distrai já passou um ano, uma vida. E hoje neste dia de comemoração. Vamos descansar neste jardim para pensar nas prosas que tivemos durante um ano. Conversamos sobre a morte, a vida, novelas, séries, músicas, cantores, cantoras, polêmicas, sexualidade. A vida é o nosso tema. Quantas coisas, fatos, ideias também deixamos de expressar, de pensar sobre. Hoje é dia de reler, rever, repensar, regar nossa vida como cantou lindamente Vander Lee, na canção Meu Jardim.
Tantas coisas aconteceram e tantas outras deixaram de acontecer. E a única certeza que temos é o acúmulo de esterco deixado pelos dias passados para podermos cultivar as novas experiências. O que passou continua de alguma
forma alimentando nosso jardim, nossas flores-pensamentos. Parabéns pra gente nesta nossa primeira primavera.
Que venha novas florações